A Rainha do Universo, na invocação de Mater Admirabilis, é representada como uma humilde fiadeira |
Na vida de família, apesar de defeitos notórios, prezava-se uma formação moral autêntica, influenciada por uma elite católica de escol. Em especial, tinha-se cuidado com a formação e preservação das filhas, adorno indispensável das famílias dignas deste nome.
“A mulher forte, viril, isenta do feminismo moderno”
O dia 13 de dezembro de 1916 foi especialmente festivo. Era a data da formatura de uma turma de moças do Colégio Nossa Senhora do Patrocínio em Itu, cidade do interior paulista. Comoveu o público presente o discurso de uma das privilegiadas formandas, que depois dos habituais cumprimentos às autoridades, aos pais e ao público em geral, narrou um episódio da Roma antiga, do qual tirou uma nobre lição. Transcrevemos alguns trechos desse discurso:
“Ao redor de Roma, um sábio arqueólogo ouve ansioso os golpes da picareta. De súbito, no meio da terra úmida encontra uma pedra tumular. O túmulo é de uma senhora. De quem seria? De Clélia, Túlia, Vetúria, Cornélia, célebres mulheres da Roma antiga, cada uma tendo se destacando por uma atitude que deixou marcas na História?
O sábio procura, procura sempre alguma inscrição. A noite já se projetava em largas sombras, quando consegue decifrar este epitáfio: ‘Ela fiou a lã e velou sobre a casa’.
Resumo de uma vida toda. Que geração de heróis saiu, talvez, dessa obscura matrona, cujo nome a posteridade devia ignorar? Ó mulher, dize-nos o segredo de tua existência! Ensina-nos onde se acha a sabedoria: a quem devemos dar razão? À antiga matrona fiando em sua casa, ou à Eva moderna, ávida de ostentação, de glória, de emancipação, de direitos iguais aos do homem?
A primeira impressão foi de um sentimento de revolta contra a obscuridade a que fora condenada aquela existência. Fiou a lã e velou sobre a casa. Aparenta-se não haver nisto nem muito mérito, nem muita virtude.
Reflexões mais profundas revelam coisa diversa. Esta mulher cumpriu verdadeiramente o seu destino, legando à posteridade o exemplo da mais alta sabedoria. O lar é o lugar que mais convém à mulher. Não é ela a alma da família, o centro ao redor do qual gravitam todas as afeições? Esposo e filhos querem vê-la ali no meio deles, a toda hora, como um farol luminoso, com uma misericordiosa providência, para indicar-lhes o dever, ensinar-lhes a virtude, consolá-los nas tristezas, compartilhar as alegrias. Sim, mais que da matrona pagã, o lar é o lugar da cristã. Este foi o lugar de Maria. E Maria, Mãe de Deus, não é a mais augusta, a mais gloriosa, a mais santa de todas as mulheres?
Pais, vossas filhas serão no porvir a vossa glória, o vosso conforto, compendiando em toda a sua vida as imortais palavras descobertas pelo arqueólogo, resumindo essas virtudes que farão a mulher forte, viril, isenta do feminismo moderno, fiel, dedicada até o heroísmo no cumprimento do dever. Nossas educadoras nos fazem cotidianamente haurir, na fonte da ciência literário-artística, a verdadeira e sólida educação cristã. Ufano-me em dizê-lo, é um laboratório aquecido ao lume da fé robusta, onde se formaram nossas diletas mães e essas legiões de senhoras que na família, na sociedade cristã, brilham quais jóias preciosas, preparadas com o mesmo carinho e esmero com que nos preparam hoje para tesouro do futuro”.*
Feminismo: o que demônio promete mas não dá
O lar é o lugar que mais convém à mulher. Não é ela a alma da família, o centro ao redor do qual gravitam todas as afeições? |
Outros tempos, outros costumes, outra vida. A doutrina católica tradicional estava na dianteira da formação dessa mentalidade. Nenhuma instituição dignificou mais a mulher do que a Igreja. A situação do sexo feminino no mundo antigo era inteiramente diversa da atitude que se passou a tomar em relação à mulher na civilização cristã: No paganismo, ela era quase uma escrava; a santa Igreja esculpiu na prática o que Deus Nosso Senhor traçou como modelo da mulher ideal.Inúmeras são as mulheres que a Igreja apresenta como exemplos ao longo da História, formadas segundo seus veneráveis princípios:
- Santa Helena,
- Santa Clotilde,
- Santa Isabel da Hungria,
- Isabel a Católica,
- Branca de Castela,
- Santa Teresa de Ávila,
- mais recentemente Santa Teresinha, e quantas outras.
- Santa Helena,
- Santa Clotilde,
- Santa Isabel da Hungria,
- Isabel a Católica,
- Branca de Castela,
- Santa Teresa de Ávila,
- mais recentemente Santa Teresinha, e quantas outras.
Que reações provocará este artigo em mentalidades imbuídas do ambiente mundano, tão condenado pelo Apóstolo das Gentes? Fúrias, indignações, ironias? Cansamo-nos de ouvir expressões como estas: “Isto é machismo”; “a mulher tem que desfrutar sua independência”; “não sirvo para ser doméstica”, e quantas coisas mais...
Como se costuma dizer, o demônio não dá o que promete. Quantas lamentações ouvem-se hoje em dia de mães que, além de cumprir todas as tarefas do lar, têm que executar algum trabalho profissional que decidiram assumir, ou a isso viram-se obrigadas! Quantos lares desfeitos! Como diz um provérbio: “Expulsai o que é natural, e ele voltará a galope”.
Se é certo, como dizem numerosas profecias particulares, que este mundo não se libertará de sua situação anticristã e neopagã, a não ser por meio de uma intervenção especial da Providência Divina, peçamos essa pronta interferência para que seja restaurado o papel fundamental, e quão grandioso, da mulher na sociedade, a exemplo da Santíssima Virgem, Mãe de todas as mães.
Sergio Bértoli
Nota:
* - Ivan A . Manoel, A Igreja e a educação feminina (1859-1919), Editora da Universidade Estadual Paulista (UNESP), São Paulo, 1996, pp. 13 e 14
Um comentário:
Como os valores estão distorcidos! As mulheres estão trabalhando fora e a mais importante tarefa que existe, que é cuidar da família e formar os filhos, fica nas mãos de outros. E o pior é quando as mulheres são obrigadas a isso para conseguir o sustento de suas famílias.
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