Este blog é composto de textos extraídos do belíssimo e raro livro de 1938 chamado "Novo Manual das Mães Cristãs" do Reverendíssimo Padre Theodoro Ratisbona da Editora Vozes.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Maria Mariana - “Deus quer o homem no leme”

09/05/2009 - 00:09 - Atualizado em 10/05/2009 - 09:02
A escritora carioca que foi ícone da juventude nos anos 90 volta a polemizar com “Confissões de mãe”

Martha Mendonça

Aos 19 anos, a carioca Maria Mariana tornou-se um ícone da década de 90. Seu livro Confissões de adolescente, lançado em 1992, vendeu 200 mil cópias, virou peça de teatro e tornou-se um memorável seriado de televisão. Aos 36 anos, distante da fama e mãe de quatro filhos, a escritora, atriz e filha do cineasta Domingos de Oliveira lança Confissões de mãe (Editora Agir), um livro nada rebelde, recheado de ideias que vão irritar as feministas. Nesta entrevista, realizada em Macaé, no Estado do Rio de Janeiro, onde mora hoje, ela defende as mães que deixam de trabalhar para cuidar de seus filhos. “Amamento há nove anos seguidos”, afirma. Com a mesma expressão serena que as pessoas se acostumaram a ver na série de televisão, a escritora diz ser contra o aborto e afirma que as mulheres deprimidas depois do parto são as que passaram a gravidez comprando roupinhas para o bebê.



ENTREVISTA - MARIA MARIANA


Guillermo 
Giansanti QUEM É
Maria Mariana Plonczynski de Oliveira, 36 anos, escritora, autora, diretora e atriz. Filha do cineasta Domingos de Oliveira. Mãe de quatro filhos, casada, mora em Macaé, no Estado do Rio de Janeiro

O QUE FEZ
Ficou famosa ao escrever Confissões de adolescente, que virou peça de teatro e seriado da TV Cultura na década de 90

O QUE PUBLICOU
Confissões de adolescente (Ed. Relume Dumará), Confissões de mãe (Ed. Agir)


ÉPOCA – O que a adolescente dos anos 90 e a mãe de quatro filhos têm em comum?

Maria Mariana – Mudei muito, mas algumas coisas ficaram. Acredito que uma delas seja a criatividade no dia a dia. Eu sei fazer de um limão uma limonada. Tenho sempre um coelho na cartola, um assunto engraçado numa hora chata, uma forma de tornar aconchegante um ambiente ou uma situação difícil. Isso vem também do fato de eu adorar ser mãe. Mas a maternidade está em baixa.


ÉPOCA – Por que você diz isso?

Maria – O valor de ser mãe não está sendo levado em conta. Sinto isso há quase dez anos, desde que eu decidi parar todas as minhas atividades para ter filhos e cuidar deles. A pressão foi inimaginável e veio de todos os lados. Da família, dos amigos, de quem mal me conhecia. Muita gente me perguntou se eu estava deprimida ou tinha síndrome de pânico. Meu pai também custou a entender. Eu era bem-sucedida, e largar a fama é um absurdo para as pessoas. Se alguém saiu da mídia por vontade própria, é porque tem algum problema grave. A verdade é que eu só descobri o que é trabalhar depois de ser mãe! Ser mãe é um trabalho social, o maior deles. É um esforço para garantir a criação de indivíduos de valor, mentalmente sadios, que contribuam para o bem geral. Pessoas equilibradas, educadas, que consigam se manter. Quando pequeno, o filho precisa de atenção especial e exclusiva. É nesse período que se formam a base do que ele será, o caráter, os valores. Depois, é difícil consertar.


ÉPOCA – Como foi sair de uma vida badalada no Rio para uma cidade pequena?

Maria – Eu trabalhava como roteirista, sempre amparada pela sombra do sucesso de Confissões de adolescente, mas alguma coisa não estava fechando. Tive um primeiro casamento, dos 20 aos 23 anos, que não deu certo. Depois fui morar sozinha e tinha a impressão de que a vida se movia em círculos. Ao mesmo tempo, sempre tive a obsessão de ter filhos. Quando meus pais se separaram, eu estava com 7 anos e passei a viver com meu pai. Era filha única, muito madura, lia Dostoiévski e estava sempre cercada por amigos intelectuais dele. Mas eu sonhava com uma enorme mesa de família com aquela macarronada no domingo. Eu queria mudar de degrau, mudar de história. No meio disso tudo, conheci o André, meu marido. Um mês depois, estava grávida. Todos os meus filhos foram planejados. A primeira, Clara, foi de cesariana, o que foi uma decepção para mim. Os outros foram de parto normal.


ÉPOCA – No livro, você diz que mulheres que não conseguem o parto normal estão “envolvidas com pequenas questões de ego”. Explique. 

Maria – Respeito a história da maternidade de cada mulher. Mas, depois que tive o parto normal, vi que é uma vivência fundamental. Se a mulher parir naturalmente, será uma mãe melhor. Todos falam do nascimento do bebê, mas esquecem que a mãe também nasce naquela hora. A mulher também tem de estar focada na amamentação.


“Apanhar cueca suja que o marido deixa no chão 
é um aprendizado de paciência e dedicação “


ÉPOCA – A maioria das mulheres não está preocupada em amamentar? 

Maria – Muitas não estão. Amamentar não é um detalhe, é para a mãe que merece. É importante e simplifica a vida. Vejo muitas mulheres com preocupações estéticas, se o peito vai cair, se vai ficar alguma cicatriz se o peito rachar. Aí o leite não vem. Amamento há nove anos seguidos. Só desmamo um quando engravido do outro. Minha caçula, de 2 anos, ainda mama. Existe a realidade de cada um, mas é preciso elevar a consciência sobre o que fazemos. Há mulheres que passam nove meses no shopping, comprando roupinhas, aí depois marcam a cesárea e pronto. Acabou o processo. Aí sabe o que acontece? Elas têm depressão pós-parto.


ÉPOCA – Você não teme ser repreendida pelas feministas?

Maria – Não acredito na igualdade entre homens e mulheres. Todos merecem respeito, espaço. Mas o homem tem uma função no mundo e a mulher tem outra. São habilidades diferentes. Penso nesta imagem: homem e mulher estão no mesmo barco, no mesmo mar. Há ondas, tempestades, maremotos. Alguém precisa estar com o leme na mão. Os dois, não dá. Deus preparou o homem para estar com o leme na mão. Porque ele é mais forte, tem raciocínio mais frio. A mulher tem mais capacidade de olhar em volta, ver o todo e desenvolver a sensibilidade para aconselhar. A mulher pode dirigir tudo, mas o lugar dela não é com o leme. 


ÉPOCA – Mas você não valoriza a emancipação da mulher? 

Maria – Valorizo. Teve seu momento, foi fundamental para abrir espaços, possibilidades. Mas as necessidades hoje são outras. Precisamos unir a geração de nossas avós com a de nossas mães para chegar a um equilíbrio feminino. Eu não sou dona da verdade. Não à toa, fiz meu livro como um diálogo entre mim e minha filha. Quero dizer às jovens do mundo de hoje que existe uma pressão para que elas sejam autossuficientes profissionalmente, sejam mulher e homem ao mesmo tempo, como se fosse a única forma de realização. Para isso, elas têm de desenvolver agressividade, frieza – sentimentos que não têm a ver com o que é ser mãe. O valor básico da maternidade é cuidar do outro, doar, servir. Nada a ver com o mundo competitivo. Maternidade é tirar seu ego do centro.


ÉPOCA – O que pensa sobre o casamento?

Maria – Casamento é um degrau que a pessoa tem para caminhar para a frente. Quem opta por ficar sozinho não desenvolve aprendizados que o casamento dá. Apanhar cueca suja que o marido deixa no chão é um aprendizado de paciência e dedicação. As pessoas pensam em união apenas como o espaço da alegria, do conforto. Casamento é embate, negociação e paciência. É preciso insistir e vencer. Saber que não se muda o outro. É preciso mudar a nós mesmos.




Fonte:
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI71872-15228,00-MARIA+MARIANA+DEUS+QUER+O+HOMEM+NO+LEME.html


Um comentário:

Taiana disse...

Amei! Genial e muito polemico!! To começando a gostar da ideia! Principalmente quando ela diz que "ser mãe é tirar o seu ego do centro", é preciso muita coragem para dizer uma coisa dessas num mundo onde tudo é egoismo!